sábado, 3 de novembro de 2012

EFMM - o balé das andorinhas

Foto: Danilo Curado

Desde o início de Outubro, bandos de andorinhas em migração da América do Norte invadiram Porto Velho (RO) e apresentam um "espetáculo" na Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) ao final da tarde, por volta das 18h20.

De acordo com os biólogos, o fenômeno deve se repetir em Março de 2013, quando as andorinhas tornam a migrar do sul do Brasil para a América do Norte.

A seguir, o vídeo de Humberto Arouca, postado no Youtube em 20 Out. 2012:


Publicado em 20/10/2012 por Humberto Arouca

Vôo de Andorinhas que ocorre na praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré - EFMM. Em determinadas épocas do ano, essas aves fazem um verdadeiro show da natureza.

Dica do blog efmm100anos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Bitolinhas na Inglaterra e na França



RH&DR 1/1/11 Part 1

Enviado por ALEXTHEVICTOR em 01/01/2011

HAPPY NEW YEAR

I went to the rhdr on the 1st of January and bought the first 2011 ticket from New Romney.

This vid is of the days goings on from various parts of the railway.

Enjoy.

NR.: Vídeo indicado pelo Cristiano Bueno, em resposta à antiga dúvida do professor Délio Araújo (FRC).



A velha senhora

Ele saltou do trem Paris - Havre numa pequena estação deprimente, Bréauté-Beuzeville. Tivera de levantar-se às 5h, nessta manhã, e à falta de um táxi fora obrigado a tomar o primeiro metrô para a gare Saint-Lazare. Esperava agora pela sua conexão.

— O trem para Étretat, por favor?

Passava de 8h, e já era dia há algum tempo; mas, por causa de uma leve neblina e do frio úmido no ar, parecia ainda madrugada.

Não havia restaurante na estação, nem um bar, só uma espécie de taverna do outro lado da estrada, onde se viam algumas carroças de vendedores de gado.

— Étretat? O senhor tem muito tempo. Aquele é o seu trem, lá na frente.

A uma boa distância da plataforma, alguns carros sem locomotiva apontavam na direção dele, carros de modelo antigo, pintados de um verde fora de moda, com uns poucos passageiros imóveis por detrás das janelas. Pareciam esperar desde a véspera, e o trem não parecia real. Era como um trem de brinquedo, um desenho de criança.

Uma família — parisienses, naturalmente! — veio correndo, esbaforida, Deus sabe por quê, saltou por cima dos trilhos, e precipitou-se para a composição sem máquina, as três crianças a carregar redes de pescar camarões.

Esse foi o estalo decisivo. Por um momento, Maigret sentiu-se jovem outra vez, e embora estivesse pelo menos a 20 km do mar, seu cheiro pareceu alcançá-lo, imaginou ouvir a sua batida ritmada; ergueu a cabeça e olhou com algum respeito as nuvens cinzentas que deviam vir do alto-mar.

Para ele, que nascera e passara a infância no interior, o mar fora sempre assim: redes de pegar camarões, um trem de brinquedo, homens de calças de flanela, barracas de praia, vendedores de conchas e outras lembranças, bares onde se comiam ostras e se bebia vinho branco, e pensões onde a srª Maigret ficava tão infeliz ao cabo de alguns dias sem fazer nada, que teria com prazer sugerido ajudar na lavagem da louça. (...)

“A velha senhora” — tradução de Raul de Sá Barbosa, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro
“Maigret et la vieille dame”, Georges Simenon, 1949

N. R.: Os 9 parágrafos iniciais de “A velha senhora” ilustram com vividez uma realidade que pouco chegou a ser conhecida no Brasil.

O pequeno trem que “não parecia real” sugere um reflexo, no litoral da Normandia (França), das mini ferrovias de utilidade pública que Délio Araújo nos mostra na outra margem do canal da Mancha (FRC).

Ferreomodelismo Live steam, ou Vapor vivo

sábado, 7 de julho de 2012

sábado, 9 de junho de 2012

Guindaste GF110L Fepasa em Presidente Epitácio



Guindaste ferroviário GF-110L da Fepasa (ex-EF Sorocabana) fotografado no trapiche de Porto Presidente Epitácio em 1995, segundo relatório interno de inspeção.

Este e outros protótipos já estão no site VFCO, juntamente com algumas dicas de ferreomodelismo:

Guindastes ferroviários no Brasil – Protótipos e Modelos

Capítulos / Chapters
Tabelas / Tables
Índice das fotos
Glossary
Summary of the RFFSA

Vagão GT52 da EF Sorocabana no porto de Santos


Vagão prancha rebaixado GT52 da Estrada de Ferro Sorocabana recebendo equipamento para a usina hidrelétrica (UHE) de Ilha Solteira, no porto de Santos.

Abaixo, outros protótipos de vagões prancha rebaixados e vagões especiais para grandes cargas, além de várias dicas para modelar esses vagões:

quinta-feira, 24 de maio de 2012

1º ChurrasTrem da ONG Amigos do Trem

  • Data: 2 Jun. 2012, a partir das 10h
  • Local: A definir - em Juiz de Fora, MG
Prezados Sócios e Simpatizantes da Ong Amigos do Trem,

É com muita honra que gostaríamos convidar a você, a sua família e seus amigos para participarem do 1º churrasTrem da Ong Amigos do Trem, que irá comemorar no sábado dia 2 Jun. 2012, o aniversário de 15 anos da entidade, que neste período vem contribuindo diretamente para o zelo, preservação do patrimônio público ferroviário nacional.

Também iremos comemorar junto ao nosso 15 anos de aniversário, o sucesso da recuperação da Litorina que vai atender o Projeto do trem turístico Expresso Pai da Aviação, que foi todo trabalho realizado com trabalho voluntário e recursos financeiros dos nossos sócios e simpatizantes, uma parceria do DNIT e da Ong Amigos do Trem.

Os participantes devem levar para o 1º churrasTrem:
  • 1 Pessoa: levar 500 gramas de carne + 1 refrigerante;
  • 2 ou mais pessoas: 1 kg de carne + 1 refrigerante
Maiores informações em nosso site:

www.amigosdotrem.com.br

--
Cordialmente,

Paulo Henrique do Nascimento
Presidente da OSCIP - Movimento Nacional Amigos do Trem
(32) 9961-1463
(32) 8834-5554
Telefax: (32) 3235-0295
Site: www.amigosdotrem.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002502094191
Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=12056534742143187233

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Trens turísticos e de passageiros

segunda-feira, 14 de maio de 2012

2ª Exposição Imagens da Ferrovia Brasileira


Como parte das comemorações dos 20 anos da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e do 58° aniversário da AEEFSJ – Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, dia 26 de maio de 2012, será realizada a 2ª Exposição Imagens da Ferrovia Brasileira.

Em novo formato, de característica inédita no Brasil, a 2ª edição deste evento vem com o intuito de mesclar num encontro único aspectos do passado e do futuro da ferrovia brasileira, proporcionando ao público a oportunidade de conhecer um pouco da história ferroviária e o que se pretende para o futuro desse modal, que gradativamente tem retomado sua importância nos cenários paulista e nacional, para o transporte de passageiros e de mercadorias.

Programação

I.        09h00 às 10h00 – Painel: “Os futuros trens regionais em São Paulo”, com Silvestre Eduardo Ribeiro, diretor de Planejamento da CPTM.

Explanação sobre os projetos da CPTM para os futuros trens de passageiros que ligarão São Paulo a Campinas, Sorocaba e Santos.


II.        10h00 às 10h20 – Coffee break

III.        10h20 às 11h50 – Painel: “Os trens de longo percurso no estado de São Paulo, das décadas de 1960 a 1980”, com Rafael Prudente Corrêa e Thomas Corrêa, pesquisadores da história ferroviária.

Uma visão histórica dos trens de passageiros que partiam de São Paulo com destino ao interior e ao litoral no período estatal das ferrovias paulistas.

IV.        11h50 às 13h00 – Almoço

V.        13h00 às 14h40 – Painel: “A história e o futuro das locomotivas GM no Brasil”, com  João Bosco Setti da Sociedade de Pesquisa para Memória do Trem e João Sérgio de Almeida, gerente de operações da Progress Rail /MGE.

A trajetória das locomotivas General Motors, reconhecidamente importantes para a historia ferroviária nacional, desde o primeiro modelo até as recentes aquisições, e o que se pretende com a instalação da unidade industrial, através da Progress Rail, para montagem e fabricação de seus modelos no Brasil.

VI.        14h40 às 15h00 – Coffee break

VII.        15h00 às 16h40 – Painel “Automotrizes Ferroviárias”, com José Emílio Horta Buzelin  da Sociedade de Pesquisa para Memória do Trem e Daniel Souza, gerente de vendas da Progress Rail /MGE.

A história das automotrizes Budd no Brasil e a remodelação da Automotriz-Buffet SP 4.1 da CPTM, executada pela Progress Rail /MGE.

VIII.        16h40 às 17h30 – Visitação à Automotriz SP 4.1 e ao Auto de Linha de Inspeção da CPTM.

INSCREVA-SE!!!

www.aeefsj.com.br

----- Original Message -----
From: 2ª Exposição Imagens da Ferrovia Brasileira
Sent: Qui 03/05/12 14:52
Subject: Fwd: 2ª Exposição "Imagens da Ferrovia Brasileira"

via

de: Salles
data: 5 de maio de 2012 19:55
assunto: [SBF_News] 2ª Exposição Imagens da Ferrovia Brasileira

sábado, 21 de abril de 2012

1ª Exposição Memória do Ferroviário



Prezados Associados e colaboradores,
É com grande satisfação que, para comemorar o Dia do Ferroviário e resgatar a história dessa profissão que foi muito importante para o passado de Rio Claro e região, a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) Núcleo de Rio Claro, o Grêmio Recreativo dos Empregados da Cia Paulista, e a UFA (União dos Ferroviários Aposentados) estarão realizando a 1ª Exposição Memória do Ferroviário de Rio Claro, no dia 29 de Abril de 2012, das 08 as 17 horas, o evento será na Rua 1 nº 1100 Centro, antiga Estação Ferroviária de Rio Claro.
A exposição iniciará com a tradicional Missa dos Ferroviários, seguida por uma apresentação da Banda União dos Artistas Ferroviários.
Haverá uma mostra de antiguidades históricas da ferrovia, que incluem peças e documentos que farão parte do futuro Museu Ferroviário de Rio Claro. Também durante todo o dia serão exibidos vídeos contando a história e evolução das ferrovias brasileiras, além de uma pequena mostra de ferreomodelismo.
Todos estão convidados a prestigiarem essa iniciativa.
Mais informações sobre o evento podem ser obtidas pelos:
Atenciosamente
Jônatas de Camargo

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Não é justo morrer na praia



Paulo Henrique Thiengo - ABPF-ES

Na semana passada recebi a visita de dois senhores, representando a inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Queriam vistoriar o material que está em meu poder desde 1996 (telégrafos, relógios de parede tipo "oito", carimbadores de passagens, bilheteiras, cofres, móveis, telefone de parede e mais alguns objetos). (Também naquele ano estive em Campos, após avisado que estavam queimando documentos históricos da ferrovia. Trouxe de lá meia kombi em documentos; me arrependi de não a ter lotado).

Tais materiais foram conseguidos graças a um convênio da minha entidade, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), com a RFFSA, por ocasião da privatização desta. Na época, percorri todas as estações do sul do estado, relacionei e fotografei o que existia e pedi o material em nome da ABPF. O pedido foi deferido, mas quando fomos retirar o material (acompanhado de um policial ferroviário - sim, esta profissão já existiu), vários deles haviam sido roubados (como os objetos em Ipê-Açú).

Inicialmente, a intenção era implantar um museu na estação de Cachoeiro, tendo para isto enviado abaixo-assinado ao prefeito de então ainda em 1994 (as primeiras assinaturas eram do Paulo Herkenhoff e do Manoel Maciel (protoco n. 006355/94, processo 305923, de junho de 1994). Aguardo resposta até hoje. Na época, já possuía farto material, constituído principalmente de milhares de fotos e documentos referentes à ferrovia, incluindo fotos da construção da linha na serra de Soturno.

Durante todo o ano de 1996, trabalhei praticamente todos os finais de semana na restauração da estação de Jaciguá, para onde o material da RFFSA foi levado, na intenção de implantar ali um Centro Ferroviário de Cultura, projeto desenvolvido em parceria da RFFSA com a ABPF. Nessa época, minha filha recém nascida ficou sem o pai durante TODOS os finais de semana daquele ano (incluindo carnaval, dias das mães e dos pais) dos 6 meses até um ano e meio de idade. Burrice incomensurável cometida em razão de um idealismo desmedido. Muito me arrependo disto atualmente.

No início de 2002, dada a falta de interesse da nova administração de Vargem Alta, voltei a oferecer TODO o acerco, e gratuitamente, para a prefeitura de Cachoeiro (processo 2385/2002 - complementado em novembro com novas informações - processo 20203/2002 - ambos também sem resposta até hoje - enviei cartas ao Ferraço, na mesma época, com igual resultado). Basicamente, oferecia a oportunidade de Cachoeiro ter um museu de verdade e com atração única: Uma maquete histórica, bitola HO do ferreomodelismo, representando trechos do sistema ferroviário do sul do estado em 1937 (antes de 1935 não havia as oficinas da E. F. Itapemirim na Barra e depois de 1937 não tínhamos mais os bondes em Cachoeiro) que seria construída no segundo andar da estação. Através da venda de publicidade, no estilo da época, nas laterais dos vagões, todo o custo de implantação e manutenção da maquete seria coberto com folga. Cheguei a comprar 23 carros de passageiros da Leopoldina, fabricados fielmente pelo Marcelo Lordeiro, para esta maquete. Estão guardados, desmontados, até hoje, juntamente com inúmeros outros modelos de vagões antigos, todos não mais fabricados.

Consegui, também, em comodato, duas locomotivas diesel-mecânicas, sem motor, bitola 60 cm, rodeiros que dariam para construir dois carros de passageiros (vagão é para carga) e três desvios completos. Desmontei e reformei as locomotivas em Jaciguá. Quando fui convidado para trabalhar na administração Valadão, inicialmente como Diretor do Patrimônio Histórico e depois como gerente do Museu Ferroviário (que constituímos no papel, através de lei enviada à Câmara e aprovada por unanimidade), trouxe todo material para Cachoeiro (menos dois sinos, roubados dentro da estação de Jaciguá).

O que seria a redenção para um apaixonado pela ferrovia transformou-se num misto de decepção, angústia, raiva e desapontamento. Apesar do então secretário, José Carlos Dias, ter tido a nobre iniciativa de retirar a secretaria de lá, não tivemos como impedir seu uso como "ponto de apoio" para eventos realizados defronte a ela. Tinha que desocupar tudo para abrir espaço para a PM, para distribuição de camisinhas, para o pessoal (DE FORA!!!!) que montava palanque e arquibancadas dormir por lá e até para assar carne de porco e peixe na sala do Chefe da Estação, onde também eram guardadas as bebidas. Numa corrida de kart, guardaram lá o combustível (local mais "seguro" para isto, disseram). O pessoal da elétrica (pré-Citeluz) ficou lá por meses, por conta do mutirão para trocar lâmpadas. Enfim, o lugar servia para tudo (até para central de rádio da GM houve pedido), menos para a cultura.

Antes de ter sido "saído" do cargo, retirei todo o material de lá. Já estava comigo a impressora do Correio do Sul, de 1877, que retirei do local apenas doze horas antes de ir para o ferro-velho, com a ajuda de um então cunhado, com enorme sacrifício e até risco de vida (ela pesa uns 1.500 kg). Também estão comigo os cadernos que sobreviveram do jornal e os clichês (ao Google, jovens - gracias Toninho!).

Não, não acho certo estar com todo este material. Meu sonho, aliás, o sonho deste imbecil que vos escreve, que esqueceu de pensar primeiramente em si e na família, é que tudo isto estivesse exposto ao público. O problema é: Onde expor? Infelizmente, a Casa dos Braga AINDA abriga uma biblioteca (que já deveria estar funcionando no Bernardino Monteiro). Até a atual secretária de cultura, à época ainda na comissão de transição, achou um absurdo suas instalações. Não tem como oferecer bom serviço naquele espaço exíguo e histórico. Aquela casa é da família Braga, do Cel. Francisco Braga, do Rubem (100 anos em janeiro próximo), do Armando e do Jeronymo, fundadores do Correio do Sul, do Newton, de dona Gracinha, de seu marido Bolívar de Abreu, filho do ex-prefeito Fernando de Abreu. Do Zig, enterrado ao lado do pé de fruta-pão (que vai acabar morrendo por conta de uma muda que cresce bem junto a seu tronco) e de todo o significado daquela casa para a cidade.

A saudosa Casa da Memória foi reformada para abrigar... um ponto de apoio a turistas e uma lojinha de artesanato! Tenham a santa paciência! O lugar deles é na ENTRADA da cidade. Por conta destes estupros contra o histórico local, quase todo o acervo do município foi perdido para sempre. Sobraram apenas algumas fotos, que guardei com carinho na estação.

Apesar de alguns acertos (que aplaudo!), a política cultural desta administração segue o mesmo "modus operandi" do governo como um todo: foco no varejo, nos problemas de cada local, em soluções pulverizadas. Falta ver a cidade como um todo, em todas as áreas. Inclusive na Cultura. Por isso o abandono da estação, da Casa dos Braga e da perda da Casa da Memória. Em Coutinho, temos a estação mais antiga do ES (e também a caixa d'água - hoje residência, a Casa de Turma e do Bombeiro), todas originais de 1887! Fico triste por mim e pelos demais genuinamente interessados em cultura. Apresentada por um amigo, não tive coragem de dizer à viúva do Renê Nogueira o que aconteceu com o acervo doado por seu marido...

Voltando ao material da extinta RFFSA, ele será automaticamente repassado ao IPHAN, que o cederá a alguma prefeitura mais bem intencionada deste imenso país. Esta foi apenas mais uma das várias pauladas que levei neste início de ano. Por conta disto, tive uma estafa que quase destruiu meus neurônios e crise de depressão, contornada a base de remédios.

A primeira porrada foi em São Vicente, por ocasião da 'comemoração' do terceiro aniversário da enchente, em 22 de janeiro. Para sairmos da posição de eternos pedintes, imaginei um seminário, visando o desenvolvimento sustentável do distrito. Convidei Leandro Carnieli para uma palestra, o que fez com a maior boa vontade. Infelizmente, a participação dos moradores foi mínima. Passei a maior vergonha por isto. Para piorar, setores da prefeitura ficaram com ciúmes dos termos que usei num convite ao prefeito e acharam que estava valorizando o Leandro e que aquele seria meramente expectador; tanto que nem participou.

Na época estávamos com um problema em trecho do córrego, na propriedade vizinha à minha chácara. A enchente aprofundou um valão existente, escavado durante 100 anos por desvio do córrego principal. Fiquei esperançoso com o interesse da secretaria de meio-ambiente em fazer o replantio de árvores no leito do córrego, mas isto não seria realizado por empresas do setor de rochas, como imaginávamos, mas por um VOLUNTÁRIO!

A solução foi comprar dez canos de PVC 300 mm, para o que muitos concordaram em ajudar a pagar. Tão logo surgiram laudos e relatórios de porta de venda "provando" ser inviável tal empreendimento, quase todos pularam fora. Precisei recorrer a dois parentes para pagar os canos (R$ 2.700,00). Eu e mais um ou dois vizinhos teremos de nos virar para assenta-los.

Neste mês, recebemos tristes notícias do IDURB, responsável pela construção das casas no distrito. Além de faltar documentação das 22 já construídas (cobradas à prefeitura desde julho passado), o prazo do convênio quase não foi renovado (o foi por apenas 90 dias, por especial deferência da Helena Zorzal, presidente do órgão) e as 6 que faltam, justamente para as famílias mais necessitadas, NÃO serão construídas agora. Quaaaaaannnnnddddo a documentação dos lotes sair, coisa de mais de seis meses, será feito novo convênio. Enfim, casas para as famílias mais necessitadas, que perderam tudo na enchente de TRÊS anos atrás, só em 2013!

Por conta disto, nossa associação está esvaziada, perdemos nossa credibilidade (e também diretores, que estão pedindo para sair) e não temos perspectiva de melhorias no horizonte, visto que também perdemos nossa única fonte de renda, com a proibição dos bingos em festas. O distrito depende do café e do leite, os jovens precisam sair em busca de melhores condições e até o crack já chegou por lá.

Até levar essa rasteira com direito a chute no estômago enquanto caído, imaginei levar para lá o agroturismo, como nova opção de renda para os moradores. Minha chácara seria usada como piloto para demonstrar a viabilidade da coisa. Além do moinho (parado desde dezembro, pois a água precisou ser desviada para o córrego principal), construí um barracão para abrigar outros mecanismos movidos a água e comecei a reformar outro, para abrigar uma roda d'água que acionaria o engenho (para moer cana e fabricar açúcar mascavo e rapadura).

Quem foi à caminhada organizada pela prefeitura deve ter comprovado a beleza do lugar. A intenção seria construir o Museu da Roça (para onde levaria o material citado acima mais uma coleção enorme de moedas antigas, de máquinas de costura e outros) para criar demanda para outras iniciativas de agroturismo. Com gente lá todo final de semana, criam-se oportunidades para um restaurante (ainda não temos), pousadas, doces, compotas, biscoitos e outros produtos, além de atrair o público interessado em caminhadas, cavalgadas (sem trio elétrico atrás) e outras atividades ligadas à natureza.

Cheguei a começar a preparar um vídeo que seria entregue a todas as famílias do lugar, onde procuraria demonstrar a viabilidade do agroturismo e a necessidade de preparar o jovem que precisa sair do distrito (cursos, palestra, sala de informática, biblioteca, etc.). Infelizmente, falhei nesta luta. Recebemos críticas contundentes até pela organização da caminhada. Acontece que nossa comunidade está destruída em todos os sentidos. Nem uma simples caminhada conseguimos organizar. Por este motivo pedimos o cancelamento da próxima, que seria em 15 de abril.

Particularmente, penso que um lugar assim seria prato cheio para o administrador com visão. Seria a mesma estória dos dois vendedores de sapatos enviados a uma nova região, para sondagens. Um voltou sugerindo abandonar a área, já que "ninguém lá usa sapatos". O outro voltou entusiasmado, já que "ninguém lá usa sapatos AINDA!". O PT, notadamente o Lula, conseguiu enormes vitórias em São Paulo agindo como o segundo vendedor. Eu também pensava assim, mas acho que estou enganado.

De qualquer forma, agradeço ao Mansur pelo espaço cedido (não quis incomodar o Wagner) e gostaria muito de discutir este assunto com quem se interessa por estas questões e até mesmo nos ajudar nesta luta. Confesso que estou completamente perdido no momento. E muitíssimo desanimado. Neste domingo teremos reunião da Associação, aberta ao público, às 7:30 da manhã. Quem quiser participar, com sugestões, apoio ou críticas, será bem vindo. (“Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo”. Dom Helder Câmara)

Paulo Henrique Thiengo

Publicado na Conexão Mansur de 31/03/2012
Jornal O Fato